O Setembro Amarelo é um movimento de conscientização que transcende as fronteiras da saúde pública e chega com força ao universo corporativo.
Criado no Brasil em 2015, ele tem como principal objetivo prevenir o suicídio e valorizar a vida, estimulando o diálogo aberto sobre saúde mental.
No ambiente de trabalho, essa campanha se torna ainda mais relevante. Afinal, colaboradores que enfrentam transtornos emocionais podem apresentar queda de desempenho, absenteísmo, presenteísmo e, em casos graves, afastamentos prolongados.
Para os gestores de Recursos Humanos, este é um momento estratégico para reforçar práticas de cuidado, implementar políticas inclusivas e fortalecer uma cultura de acolhimento.
Neste artigo, exploraremos iniciativas corporativas no Setembro Amarelo que você pode aplicar na sua empresa, desde campanhas de conscientização até treinamentos para líderes, parcerias externas e políticas contínuas de bem-estar.
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A Importância do Setembro Amarelo
A cada ano, mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Brasil, estima-se que ocorra um suicídio a cada 45 minutos, de acordo com o Ministério da Saúde.
Esses números alarmantes revelam a urgência de discutir o tema.
Dentro das empresas, o cenário não é diferente. Muitos colaboradores enfrentam ansiedade, depressão e estresse crônico, mas permanecem em silêncio por medo de estigmatização.
Quando o assunto não é tratado de forma aberta, os impactos recaem sobre toda a organização: redução da produtividade, aumento de afastamentos, perda de talentos e queda no engajamento.
Ao aderir ao Setembro Amarelo, o RH não apenas cumpre seu papel social, mas também fortalece a sustentabilidade do negócio.
Promover saúde mental é investir em capital humano — o ativo mais importante da organização.
Campanhas de Conscientização
As campanhas de conscientização são o ponto de partida. Elas ajudam a disseminar informação, quebrar tabus e criar um ambiente mais seguro para diálogos sobre saúde emocional.
Palestras e Workshops
Promova palestras conduzidas por psicólogos, psiquiatras e especialistas em bem-estar. O objetivo não deve ser apenas transmitir conhecimento, mas também estimular a interação.
Workshops com dinâmicas em grupo, simulações de situações reais e rodas de conversa fazem com que os colaboradores se sintam parte ativa do processo.
Um exemplo prático: um workshop sobre “Como apoiar colegas em momentos difíceis” pode incluir dramatizações em que os participantes praticam escuta ativa e comunicação empática.
Assim, a equipe aprende de forma prática a lidar com situações de crise.
Materiais Informativos
Materiais como infográficos, cartilhas digitais, podcasts internos e vídeos curtos podem ser distribuídos em canais de comunicação corporativos.
Para gestores de RH, é essencial garantir que esses conteúdos usem uma linguagem simples, acessível e livre de jargões clínicos.
Além disso, incluir contatos úteis, como o CVV – Centro de Valorização da Vida, reforça a mensagem de que a empresa está comprometida em oferecer caminhos de ajuda.
Apoio Psicológico
A conscientização é fundamental, mas precisa vir acompanhada de suporte concreto.
O apoio psicológico estruturado garante que colaboradores tenham acesso a ajuda profissional quando necessário.
Serviços de Psicologia
Empresas de todos os portes podem adotar programas de assistência psicológica. Algumas alternativas:
- Convênios com clínicas de psicologia: oferecem atendimento com desconto ou gratuito.
- Teleatendimento psicológico: prático e acessível, permite que o colaborador busque ajuda de qualquer lugar.
- Consultoria psicológica interna: presença periódica de profissionais disponíveis para atendimentos individuais.
Esse investimento não apenas salva vidas, mas também contribui para reduzir afastamentos por motivos de saúde mental.
Grupos de Apoio
Outra prática eficaz são os grupos de apoio internos, mediados por profissionais de saúde.
Nessas rodas, colaboradores podem compartilhar experiências em um espaço seguro e acolhedor.
Esse tipo de iniciativa fortalece vínculos, promove empatia e ajuda a desmistificar o sofrimento emocional, criando um ambiente de pertencimento.
Treinamentos para Gestores
Os líderes têm papel decisivo na saúde mental das equipes. Um gestor bem treinado pode identificar sinais de sofrimento e agir rapidamente, prevenindo crises mais graves.
Identificação de Sinais de Alerta
Treinamentos devem ensinar líderes a reconhecer sinais como:
- queda brusca no desempenho;
- isolamento social;
- mudanças de humor intensas;
- atrasos ou faltas frequentes;
- falas negativas sobre a própria vida.
Ao identificar esses sinais, o gestor pode encaminhar o colaborador para os canais adequados de apoio.
Como Abordar Colaboradores em Crise
Muitos líderes evitam conversas delicadas por não saberem como agir.
Por isso, treinamentos devem incluir técnicas de abordagem empática, como:
- praticar escuta ativa;
- oferecer privacidade para a conversa;
- demonstrar preocupação genuína;
- evitar julgamentos e conselhos superficiais;
- indicar ajuda profissional.
Esse preparo garante que a abordagem seja respeitosa e eficaz, evitando que o colaborador se sinta pressionado ou estigmatizado.
Políticas de Saúde Mental
Para além das ações pontuais do Setembro Amarelo, é fundamental que a empresa adote políticas permanentes que consolide a saúde mental como prioridade.
Programas de Bem-Estar
Programas de bem-estar podem incluir:
- mindfulness e meditação guiada;
- aulas de yoga ou alongamento;
- aplicativos de autocuidado e terapia online;
- rodas de conversa sobre equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Essas práticas contribuem para reduzir níveis de estresse e aumentar a sensação de pertencimento.
Flexibilidade no Trabalho
A flexibilidade também é uma ferramenta poderosa. Horários adaptáveis, home office e licenças estendidas para tratamento emocional mostram que a empresa valoriza o bem-estar acima da produtividade imediata.
Quando o colaborador percebe que pode cuidar de si sem medo de punição, ele retorna ao trabalho com mais energia, lealdade e engajamento.
Eventos Internos
Eventos internos têm a capacidade de mobilizar toda a equipe em torno do Setembro Amarelo de forma lúdica e participativa.
Caminhadas e Corridas
Promova corridas e caminhadas coletivas com camisetas personalizadas do Setembro Amarelo.
Além de incentivar a prática esportiva, essas atividades fortalecem o espírito de equipe.
Atividades de Lazer
Oficinas de música, artesanato, pintura, sessões de cinema e rodas de leitura são atividades que reduzem o estresse e estimulam a criatividade.
Elas também permitem que colaboradores expressem emoções de maneira saudável.
Parcerias com Organizações Externas
O RH pode potencializar suas ações firmando parcerias com instituições que já atuam diretamente na prevenção ao suicídio.
ONGs de Prevenção ao Suicídio
O CVV é a ONG mais reconhecida no Brasil, oferecendo suporte gratuito por telefone, chat e e-mail. Empresas podem convidar voluntários do CVV para palestras e workshops.
Instituições de Saúde Mental
Parcerias com universidades, clínicas e hospitais possibilitam oferecer atendimentos especializados com condições especiais.
Essa rede de apoio externo amplia o alcance da empresa e fortalece a confiança dos colaboradores.
Comunicação Interna
Sem comunicação clara, as iniciativas perdem impacto. A comunicação interna deve ser planejada e multicanal.
Campanhas de E-mail
Envie newsletters semanais com dicas práticas de autocuidado, depoimentos de colaboradores (preservando anonimato) e informações sobre os eventos da campanha.
Postagens em Redes Sociais Internas
Plataformas como Workplace, Yammer ou canais de Slack podem ser usadas para divulgar mensagens motivacionais, vídeos de especialistas e conteúdos de apoio.
O uso de hashtags específicas (#SetembroAmareloNaEmpresa, por exemplo) gera engajamento e facilita a busca de informações.
Feedback dos Colaboradores
Nenhuma ação é completa sem a escuta ativa dos colaboradores.
Pesquisas de Satisfação
Pesquisas curtas e anônimas permitem avaliar a percepção dos colaboradores sobre as iniciativas. Pergunte: “Você se sentiu acolhido pela empresa?” ou “O que poderia ser melhorado nas ações de saúde mental?”
A iFractal, por exemplo, dispõe de um recurso já integrado ao sistema ifPonto, onde o RH pode avaliar diariamente o humor dos colaboradores.
Os colaboradores respondem de modo rápido sobre seu humor no momento em que registram o ponto, além de outras modalidades de pesquisa de clima e enquetes.
O sistema gera relatórios e sinalizadores imediatos que podem ajudar os gestores a identificar flutuações de humor em todos os departamentos e agir com assertividade.
Sugestões e Melhorias
Crie um canal permanente de sugestões, que pode ser digital ou físico, garantindo anonimato. Essa prática mostra que a empresa está aberta ao diálogo e comprometida com melhorias contínuas.
Resultados das Iniciativas
Avaliar os resultados das ações é essencial para justificar investimentos e planejar melhorias.
Estatísticas de Participação
Monitore indicadores como:
- número de participantes em palestras;
- adesão a programas de apoio psicológico;
- acessos a conteúdos digitais;
- taxas de feedback positivo.
Impacto na Saúde Mental
Além de números, considere depoimentos, redução de afastamentos médicos, aumento no engajamento e melhora na produtividade.
Isso demonstra o valor estratégico do Setembro Amarelo para a empresa.
Desafios Enfrentados
Apesar dos avanços, ainda existem barreiras significativas.
Estigma Relacionado à Saúde Mental
O preconceito é um dos maiores obstáculos. Muitos colaboradores temem ser julgados como “fracos” ou “improdutivos”.
Cabe ao RH quebrar esse estigma, promovendo diálogos abertos e uma cultura de respeito.
Recursos Limitados
Nem todas as empresas têm grandes orçamentos para programas de saúde mental.
A solução está em parcerias gratuitas, materiais digitais de baixo custo e uso de recursos internos, como líderes treinados para acolher suas equipes.
Estudos de Caso
Empresas que se Destacaram
Algumas empresas brasileiras já se tornaram referência:
- Natura: promove programas contínuos de bem-estar e saúde mental.
- Itaú Unibanco: mantém campanhas internas de conscientização e apoio psicológico.
- Magazine Luiza: investe em comunicação interna para promover saúde emocional.
Lições Aprendidas
Os estudos de caso mostram que os fatores-chave são: envolvimento da liderança, continuidade das ações e transparência na comunicação.
Tendências Futuras
Inovações em Saúde Mental no Trabalho
O futuro das iniciativas passa pela tecnologia. Aplicativos de teleterapia, inteligência artificial para monitoramento de estresse, wearables que analisam padrões de sono e frequência cardíaca já estão sendo usados por grandes empresas.
A Importância da Cultura Organizacional
Mais do que ações pontuais, o futuro exige uma cultura organizacional sólida.
Empresas que valorizam a saúde mental o ano todo, e não apenas em setembro, constroem ambientes sustentáveis e atrativos para talentos.
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Conclusão
O Setembro Amarelo é mais que uma campanha: é um chamado à responsabilidade corporativa. Como gestor de RH, você tem a oportunidade de transformar o ambiente de trabalho em um espaço de cuidado, acolhimento e prevenção.
Palestras, apoio psicológico, treinamentos, políticas de bem-estar, parcerias externas, comunicação interna e feedbacks são iniciativas que, quando integradas, salvam vidas e fortalecem negócios.
O futuro das organizações passa pela valorização da vida — e sua liderança pode ser o diferencial que fará a diferença nesse caminho.
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